Isso é ciência!

"Toda a nossa ciência, comparada com a realidade, é primitiva e infantil - e, no
entanto, é a coisa mais preciosa que temos." (Albert Einstein)








sábado, 19 de março de 2011

Deus Negro - Neimar de Barros

Eu, detestando pretos,
Eu, sem coração!
Eu, perdido num coreto,
Gritando: "Separação"!

Eu, você, nós...nós todos,
cheios de preconceitos,
fugindo como se eles carregassem lodo,
lodo na cor...
E, com petulância, arrogância,
afastando a pele irmã.

Mas,
estou pensando agora,
e quando chegar minha hora ?
Meu Deus, se eu morresse amanhã, de manhã?
Numa viagem esquisita, entre nuvens feias e bonitas,
se eu chegasse lá e um porteiro manco,
como os aleijados que eu gozei, viesse abrir a porta,
e eu reparasse em sua vista torta, igual àquela que eu critiquei?
Se a sua mão tateasse pelo trinco,
como as mãos do cego que não ajudei ?
Se a porta rangesse, chorando os choros que provoquei ?
Se uma criança me tomasse pela mão,
criança como aquela que não embalei,
e me levasse por um corredor florido, colorido,
como as flores que eu jamais dei ?
Se eu sentisse o chão frio,
como o dos presídios que não visitei ?
Se eu visse as paredes caindo,
como as das creches e asilos que não ajudei ?
E se a criança tirasse corpos do caminho,
corpos que eu não levantei
dando desculpas de que eram bêbados, mas eram epiléticos,
que era vagabundagem, mas era fome?

Meu Deus !
Agora me assusta pronunciar seu nome .
E se mais para a frente a criança cobrisse o corpo nu,
da prostituta que eu usei,
ou do moribundo que não olhei,
ou da velha que não respeitei,
ou da mãe que não amei ?
Corpo de alguém exposto, jogado por minha causa,
porque não estendi a mão, porque no amor fiz pausa e dei,
sei lá, só dei desgosto?

E, no fim do corredor, o início da decepção .
Que raiva, que desespero,
se visse o mecânico, o operário, aquele vizinho,
o maldito funcionário, e até, até o padeiro,
todos sorrindo não sei de quê?
Ah! Sei sim, riem da minha decepção.

Deus não está vestido de ouro. Mas como?
Está num simples trono.
Simples como não fui, humilde como não sou.

Deus decepção .
Deus na cor que eu não queria,
Deus cara a cara, face a face,
sem aquela imponente classe.

Deus simples! Deus negro !
Deus negro?

E Eu...
Racista, egoísta. E agora ?
Na terra só persegui os pretos,
não aluguei casa, não apertei a mão.

Meu Deus você é negro, que desilusão!

Será que vai me dar uma morada?
Será que vai apertar minha mão? Que nada .

Meu Deus você é negro, que decepção!

Não dei emprego, virei o rosto. E agora?
Será que vai me dar um canto, vai me cobrir com seu manto?
Ou vai me virar o rosto no embalo da bofetada que dei?

Deus, eu não podia adivinhar.
Por que você se fez assim?
Por que se fez preto, preto como o engraxate,
aquele que expulsei da frente de casa?

Deus, pregaram você na cruz
e você me pregou uma peça.
Eu me esforcei à beça em tantas coisas,
e cheguei até a pensar em amor,

Mas nunca,
nunca pensei em adivinhar sua cor.

Neimar de Barros

sexta-feira, 11 de março de 2011

"Para se roubar um coração..."...

Poucas pessoas são hábeis o bastante na arte (e que arte maravilhosa) do escrever... Ainda mais quando o assunto é o AMOR. Sentimento que reúne diversos outros... Assunto discutido por todos em todos os lugares... Ahhhhh, o AMOR... Para John Ruskin, "somente quando encontramos o amor é que descobrimos o que nos faltava na vida". Porém, hoje, trago um texto de um dos maiores escritores da atualidade... Dentre suas crônicas incríveis e comédia sem igual, Luis Fernando Veríssimo ainda encontra maestreza para falar sobre esse sentimento magnífico... "Para se roubar um coração..." é o texto que se segue... Espero que, ao término da leitura, todos tenhamos a vontade imensa de termos sido vítima desse "crime" abençoado... E você, já roubou um coração?????????

"Para se roubar um coração, é preciso que seja com muita habilidade, tem que ser vagarosamente, disfarçadamente, não se chega com ímpeto, não se alcança o coração de alguém com pressa.
Tem que se aproximar com meias palavras, suavemente, apoderar-se dele aos poucos, com cuidado.
Não se pode deixar que percebam que ele será roubado, na verdade, teremos que furtá-lo, docemente.
Conquistar um coração de verdade dá trabalho, requer paciência, é como se fosse tecer uma colcha de retalhos, aplicar uma renda em um vestido, tratar de um jardim, cuidar de uma criança.
É necessário que seja com destreza, com vontade, com encanto, carinho e sinceridade.
Para se conquistar um coração definitivamente tem que ter garra e esperteza, mas não falo dessa esperteza que todos conhecem, falo da esperteza de sentimentos, daquela que existe guardada na alma em todos os momentos.
Quando se deseja realmente conquistar um coração, é preciso que antes já tenhamos conseguido conquistar o nosso, é preciso que ele já tenha sido explorado nos mínimos detalhes,que já se tenha conseguido conhecer cada cantinho, entender cada espaço preenchido e aceitar cada espaço vago. ...e então, quando finalmente esse coração for conquistado, quando tivermos nos apoderado dele, vai existir uma parte de alguém que seguirá conosco. Uma metade de alguém que será guiada por nós e o nosso coração passará a bater por conta desse outro coração.
Eles sofrerão altos e baixos sim, mas com certeza haverá instantes, milhares de instantes de alegria.
Baterá descompassado muitas vezes, e sabe por que?
Faltará a metade dele que ainda não está junto de nós.
Até que um dia, cansado de estar dividido ao meio, esse coração chamará a sua outra parte e alguém por vontade própria, sem que precisemos roubá-la ou furtá-la nos entregará a metade que faltava. ... e é assim que se rouba um coração, fácil não?
Pois é, nós só precisaremos roubar uma metade, a outra virá na nossa mão e ficará detectado um roubo então! E é só por isso que encontramos tantas pessoas pela vida a fora que dizem que nunca mais conseguiram amar alguém... é simples... é porque elas não possuem mais coração, eles foram roubados, arrancados do seu peito, e somente com um grande amor ela terá um novo coração, afinal de contas, corações são para serem divididos, e com certeza esse grande amor repartirá o dele com você."

domingo, 27 de junho de 2010

Antigos propósitos para um mundo novo...


Ao entrar no e-mail da minha turma de faculdade, deparei-me com um texto enviado por nossa professora de Bioquímica, Ana Maria. O texto era de Ed René Kivitz, que fazia um comentário sobre a conduta de alguns jogadores do time do Santos, que se recusaram a entrar em casa de caridade espírita Lar Mensageiros da Luz. http://virgula.uol.com.br/ver/noticia/esporte/2010/04/01/244563-neymar-robinho-ganso-e-outros-jogadores-se-recusam-a-entrar-em-casa-de-caridade-santista

Segue abaixo o texto de Ed René Kivitz sobre o tema.
Reflexão para a paz

A religião está baseada nos ritos, dogmas e credos, tabus e códigos morais de cada tradição de fé. A espiritualidade está fundamentada nos conteúdos universais de todos e de cada uma das tradições de fé.
Quando você começa a discutir quem vai para o céu e quem vai para o inferno, ou se Deus é a favor ou contra a prática do homossexualismo, ou mesmo, se você tem que subir uma escada de joelhos ou dar o dízimo na igreja para alcançar o favor de Deus, você está discutindo religião. Quando você começa a discutir se o correto é a reencarnação ou a ressurreição, a teoria de Darwin ou a narrativa do Gênesis, e se o livro certo é a Bíblia ou o Corão, você está discutindo religião. Quando você fica perguntando se a instituição social é espírita kardecista, evangélica, ou católica, você está discutindo religião.
O problema é que toda vez que você discute religião você afasta as pessoas umas das outras, promove o sectarismo e a intolerância. A religião coloca de um lado os adoradores de Alá, de outro os adoradores de Yahweh e de outro os adoradores de Jesus. Isso sem falar nos adoradores de Shiva, de Krishna e devotos do Buda, e por aí vai. E cada grupo de adoradores deseja a extinção dos outros, ou pela conversão à sua religião, o que faz com que os outros deixem de existir, enquanto outros, e se tornem iguais a nós, ou pelo extermínio, através do assassinato em nome de Deus, ou melhor, em nome de um deus, com d minúsculo, isto é, um ídolo que pretende se passar por Deus.
Mas quando você concentra sua atenção e ação, sua práxis, em valores como reconciliação, perdão, misericórdia, compaixão, solidariedade, amor e caridade, você está no horizonte da espiritualidade, comum a todas as tradições religiosas. E quando você está com o coração cheio de espiritualidade, e não de religião, você promove a justiça e a paz. Os valores espirituais agregam pessoas, aproximam os diferentes, faz com que os discordantes no mundo das crenças se dêem as mãos, no mundo da busca de superação do sofrimento humano, que a todos nós humilha e iguala, independentemente de raça, gênero, e inclusive religião.
Em síntese, quando você vive no mundo da religião, você fica no ônibus. Quando você vive no mundo da espiritualidade, que a sua religião ensina - ou pelo menos deveria ensinar - você desce do ônibus e dá um ovo de páscoa para uma criança que sofre a tragédia e a miséria de uma paralisia mental.

Em seu livro Vivendo com Propósitos, Ed René Kivitz escreve o conceito da palavra PROPÓSITO logo na primeira página do livro: "a razão por que algo existe". Cada um de nós temos um propósito especial em nossas vidas. Cada um de nós temos perspectivas, temos ideais, temos em quem/em quê acreditar. A expressão humana está nos sentimentos diversos que nos cercam em nossas vidas. TODOS nós estamos no mesmo mundo, respirando o mesmo ar, sujeitos às mesmas tragédias, com medo da mesma violência... Isso mesmo: TODOS NÓS!!!!! Por que nossos atos são tão distintos? Por que nossa fala é tão preconceituosa?
Há algum tempo atrás, li o livro Deus, um delírio de Richard Dawkins, onde o autor, que se diz ateu, tenta mostrar uma realidade assustadora e massacrante da religião (seja lá qual for a denominação). Ele vai além de Marx (com o "ópio do povo") e, muitas vezes, faz-nos sentir verdadeiros criminosos enquanto religiosos. A verdade é que, se pensarmos um pouco além, nós estamos pregando algo que não é praticado. Em cultos, ouvimos a igualdade de irmãos, mas, na vida, nem sempre vemos os irmãos como iguais... "Se você acredita nisso, ou se você acredita naquilo, não podemos nos relacionar, porque eu não acredito nisso ou naquilo".
Não quero mudar a vertente de ninguém, muito menos a conjuntura religiosa, mas quero meditar sobre quem fomos, o que dizemos, quem somos, a que viemos... E, se assim for nossa prática, veremos quão diferentes seremos em um mundo em que, mesmo nos achando diferentes de todos os outros, somos iguais perante a graça.
Que Deus continue abençoando cada um de nós, dando-nos a espiritualidade que precisamos!

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Ser ou não ser, ter ou não ter, fazer ou não fazer...? Eis as questões!

A sociedade nos obriga a tomar decisões cada vez mais rápidas, cada vez mais decisivas, cada vez mais precipitadas. A objetividade torna-se mais intensa, de maneira que não podemos mais sonhar, querer, pensar, viver. E é nesse universo de inconstantes e sem emoções que o ser humano (se podemos continuar a chamar de ser) está inserido. A sociedade nos priva do melhor da vida: o viver. Será, então, que estamos efetivamente em uma democracia, quando somos cativos de nós mesmos? Viver é pensar, agir, chorar, querer. Viver é... viver!
  • Ser ou não ser? Ter ou não ter? Fazer ou não fazer?...
Por séculos, filósofos tentam descobrir a essência do ser. Desde a Grécia Antiga, filósofos pós-socráticos humanistas, meditavam sobre o que era o ser humano, o que, realmente, os seres tinham para serem diferentes, singulares. E te digo uma coisa: até hoje a Filosofia não chegou em nenhum consenso. Assim, qual a essência do ser? O que realmente somos, o que não somos? Aliás, ser ou não ser?
Aflições, conflitos sentimentais, desejos ditos impossíveis... Quanto mais vivemos, mais nos sentimos apertados com tudo aquilo que nos rodeia. Parece que nossa vida é um caos e que isso nunca vai acabar. Por quê sentimos isso?
É interessante e bonito olhar para uma criança e perceber quão necessitada ela é. Comer, fazer suas necessidades, estudar, aprender, falar, dançar, chorar... Ela faz tudo por necessidade. E os pais, com um amor que ainda é inexplicável para mim, faz do nada um tudo, faz do surreal o momento presente. Se necessário, deixam até mesmo de se alimentar para possibilitar o essencial para seu "banbino". Ou seja, privam-se do pouco para entregar o tudo. Com isso, possibilitam a perpetuação da espécie, fazem com que a vida continue a fluir.
E é esse dinamismo da vida que me surpreende. Até certa época da vida, nós temos todas as nossas decisões sendo tomadas por nossos pais. É ótimo. Eles, efetivamente, sabem o que é o melhor para nós, o essencial, sem excedentes nem deficiência. Mas, e quando nos sentimos sozinhos, sem o amparo que sempre tivemos ali? Qual decisão seguir? O que fazer? Ser ou não ser?
Somos obrigados a tomar decisões. Nas tem saída. A grande questão é quando estaremos totalmente aptos para tomar NOSSAS decisões. O mundo é realmente cruel porque nos obriga a fazer ou não fazer sem pensar, porque é preciso ter ou não ter sem sequer saber no que vai dá, já que o seu ser, ou o não ser, tem de estar preparado a qualquer hora. A vida é sofrida. Erros são até aceitáveis e perdoados, ao menos que esses não sejam cometidos periodicamente.
Mas, o incrível realmente é saber que esse mundo tão cruel nos possibilita viver com paz, alegria, satisfação. Ou será que ele não nos condiciona a viver desta maneira?
O mundo não nos mostra caminhos, as vezes nos priva das pessoas que nos ajudam a tomar decisões importantes, é cruel conosco e ainda nos obriga a viver nele se quisermos continuar vivendo. Intuitivamente, algo tão cruel assim não poderia nos possibilitar tais maravilha, a paz em meio a destruição, a alegria enquanto há choro, sorissos em meio a guerra, amor em meio ao ódio. Deus nos faz pensar para só depois agir. O mundo nos faz agir para só depois pensar. O pensamento humano é algo extreodinário, incrível e que nos diferencia dos demais seres: nós somos racionais. E o que quer dizer a palavra racionalidade? Pelo Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, racionalidade é: propensão para encarar fatos e idéias de um ponto de vista puramente racional. Usar a razão, pensar antes de agir, é uma capacidade inerente ao ser humano. Fomos privilegiados por Deus com a capacidade de pensar. O ato primário é o pensar, o ato secundário é o agir. Deus nos faz ser, Deus nos faz fazer, Deus nosa faz ter, porque Ele nos faz pensar conseguinte o ideal. Não importa se em algum momento eu agi sem pensar, se eu naum tive, se eu não fiz, se eu nau fui. Nesse momento eu ergui a cabeça e clamei: Pai, faz-me um ser que tenha.
O mundo nos faz não ser, não ter, não fazer. Mas Deus nos faz ser porque temos com Quem fazer.
Deus abençõe a todos nós!

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Do simples ao complexo do Universo




Atualmente, há um grande embate no meio científico quanto à origem da vida. Uma grande quantidade de teorias que tentam resolver o enigma dessa origem trabalham nesse caso constantemente. Antes, pois, precisamos pensar em algumas características simples para poder entender o mais complexo do Universo. Vamos iniciar este estudo com as teorias iniciais para a Origem da Vida.


I. Biomonômeros
Sabemos que as substâncias encontradas no corpo humano são muito complexas. Essa complexidade é alcançada através de compostos menores que, quando se unem, formam substâncias maiores. Por exemplo, moléculas orgânicas mais simples, chamadas de biomonômeros, unem-se para a formação de uma molécula orgânica mais complexa, denominada biopolímero. O DNA, a hemoglobina, a celulose, a clorofila e muitos outros compostos são exemplos de biopolímeros. As proteínas têm como unidade constituinte os aminoácidos, que se combinam entre si para formá-las. A grande questão é que essas moléculas(proteínas) são unidades necessárias ao corpo humano. Assim, a grande questão é como as proteínas foram formadas, pois cada proteína tem uma especifidade de atuação incrível. Assim, os monômeros constituintes têm de estar em perfeita ordem para que a proteína seja formada sem defeito algum. Desde a famosa síntese de Wöhler(ou síntese de uréia, composto orgânico, a partir de cianato de amônio, composto inorgânico) a teoria da força vital, que pregava que somente seres humanos tinham poder para produzirem compostos orgânicos, foi descartada. A partir daí, diversos cientistas iniciaram em seus laboratórios inúmeras pesquisas para a produção de substâncias orgânicas. Dentre eles, o cientísta Stanley Miller(foto ao lado), em 1953, ficou famoso por ter publicado resultados de um experimento na síntese de compostos orgânicos, os biomonômeros. Miller conseguiu sintetizar aminoácidos em condições que cientistas supunham existir na Terra primitiva. Ele conseguiu isso a partir de uma aparelhagem química isolada do meio, onde expôs gases metano, hidrogênio, amônia e vapor de água, juntamente com descargas elétricas. Ainda hoje esse experimento é realizado para a obtenção de proteínas e ácidos nucléicos(ver esquema abaixo da experiência de Miller).
Chamo atenção para algo: a síntese de monômeros vitais em laboratório, quando relacionada com a verdadeira síntese proposta por cientistas na Terra primitiva, é questionável, pois os aminoácidos foram produzidos em meio básico(alcalino), enquanto os açucares, polímeros também vitais, são destruídos com relativa facilidade nesse mesmo meio. Um problema mais significativo está no fato de se ter obtido aminoácidos de formas e configurações iguais no experimento. Existem certas substâncias químicas que têm o mesmo número de átomos na molécula, mas se diferenciam quanto à estrutura molecular. Denominamos molécula Levogira e Dextrogira(uma molécula é imagem especular da outra) quando as distinções entre as moléculas(isômeros) são apenas quanto ao fato do desvio da luz polarizada(fato este que será melhor explicado posteriormente). O importante a saber é que, mesmo que a molécula tenha em sua estrutura os mesmos átomos constituintes e exatamente o mesmo número de átomos, podemos estabelecer diferenças quanto a sua estrutura. Assim, o grande paradoxo da experiência de Miller é que ele produziu, no provável ambiente terrestre, quantidades iguais de monômeros do tipo D(dextrogiro) e do tipo L(levogiro), enquanto os seres vivos são formados quase que exclusivamente por aminoácidos do tipo L. Então, como uma grande mistura inorgânica pode "fabricar" aminoácidos do tipo L e D na mesma quantidade, mas organismos vivos com a grande maioria de seus aminoácidos do tipo L? Esse paradoxo também se aplica a glicídios(carboidratos ou açúcares). Inúmeras pesquisas já foram feitas para tentar explicar tal paradoxo, mas nenhuma conseguiu prestígio. Dentre elas, uma pesquisa propôs o fato de que um campo magnético poderia produzir formas únicas de imagens especulares quase puras, mas essa teoria foi tida como uma fraude após certo tempo. Outra questão pertinente é a falta de evidências de todas essas moléculas orgânicas nas rochas terrestres antigas, que representam o período em que supostamente a vida originou-se. Outra questão que traz dificuldades a defensores de tal teoria(da Terra primordial) é o fato de ser difícil imaginar uma concentração suficiente de monômeros orgânicos unidos para a formação de polímeros orgânicos. Um estudo feito pelo químico Donald Hull, da California Research Corporation, exemplificou a probabilidade de tal formação com o mais simples dos aminoáciodos, a glicina(imagem ao lado), molécula formada apenas pelas unidades básicas de qualquer aminoácido(o grupamento amina, NH2, e o grupamento carboxila, COOH). Hull estimou que, se a glicina fosse produzida numa atmosfera primitiva, 97% dela se decomporia antes de alcançar o oceano, e os 3% restantes seriam, provavelmente, destruídos no próprio local de síntese. A previsão vai além, estimando uma concentração máxima de glicina de menos de 1/10¹², o que equivale a 0,000000000001 mol. O próprio Donald Hull declara: "Mas mesmo o valor mais elevado admissível parece insustentavelmente baixo como material para o início de uma geração espontânea de vida. A questão se torna um problema mais grave quando partimos para suposições com monômeros orgânicos mais complexos. Alguns cientistas declaram que o ambiente era isolado, como cavernas, mas isso requer uma marca de especialização ainda maior.
Mais incrível ainda, como alguns pesquisadores declaram, é a diferença entre sintetizar uma molécula, ainda que simples, de maneira ordenada e administrada por uma mente(cientista), como no experimento de Miller, e outra coisa é a síntese de moléculas orgânicas em ambientes incertos, como na Terra primitiva.
Então, qual será a resposta? Como terá sido o mundo antes da vida? Como ela apareceu? Vamos analisar outros casos antes de chegar a essas perguntas de difícil análise.
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Bibliografia:
  • Origens, Ariel A. Roth, pp. 61,62,63,64,65,66.
  • Curso Completo de Química, Antônio Sardella, pp. 510, 511, 595, 597.


Bem Vindos!



É cada vez mais maravilhoso olhar para o azul do céu e saber que, por mais que tentemos ir ao mais longe possível, não conseguiremos alcançar o infinito do espaço. É maravilhoso saber que nosso corpo humano trabalha minuciosamente a todo instante. Enquanto esta apresentação é escrita, existem milhares de neurônios utilizando sinapses nervosas para que o raciocínio continue trabalhando. É fantástico saber que existe um mundo microscópico que nos envolve, de tal maneira que nos controla. Também nos fascina o fato de podermos olhar para o Universo e não conseguirmos imaginar como tudo começou. Aliás, de onde viemos? Como viemos? Por que viemos? Qual o real sentido da vida? Qual o motivo de existirmos? Quem somos? Para onde vamos? Afinal, como e por que estamos pensando em tudo isso?
Mentes brilhantes vêm trabalhando nessas perguntas há séculos. E, sabe de uma coisa? Ninguém está certo de resposta alguma para nenhuma das perguntas acima. Afinal, o que é a Ciência? Aquela matéria complicada que somente Einstein, Newton, Paley, Rutherford ou Copérnico conseguiam entender? Aquelas teorias malucas, com cálculos avançados e fundamentos que parecem não ter fundamento algum? A Ciência é muito mais que isso! Ela está em um piscar de olhos, em um jogo de futebol, em uma mesa de bilhar, em um simples sorriso. Desde a Teoria da Relatividade até o menor dos vírus tudo isso é Ciência. Convido todos vocês a entrarem nesse universo tão lindo e magnífico que nos faz pensar cada vez mais. Neste blog, tentarei mostrar a Ciência como ela realmente é, com bases científicas verdadeiras. Afinal, "a verdade é tão importante que devemos diligentemente procurá-la e ativamente proteger o seu direito de existir", pois "uma coisa é desejar ter a verdade do nosso lado, outra é desejar, sinceramente, estar do lado da verdade". Sejam todos bem-vindos ao blog, e espero que estejam excitados com o que os esperam. Obrigado.
Wesley Torres de Araujo